domingo, fevereiro 26, 2006

Darfur. Uns mortos valem mais que outros (cont)

Darfur foi uma região sempre ignorada pelos poderes do Sudão (coloniais e depois de país independente) e a população decidiu exigir mais autonomia e mais condições para a região. O governo do Sudão decidiu armar uma milícia, os Janjaweed, que aniquilasse a rebilião usando todos os meios possíveis que incluem matar sem qualquer restrição. Provavelmente 300.000 pessoas morreram já como resultado directo deste genocídio onde formas extremas de violência sexual estão tabmém a ser usadas para aniquilar a revolta. Há uma base racial: os Janjaweed e o governo são árabes não negros que matam tribos africanas negras e não árabes. Há evidentemente mais nuances e mais complexidade na questão que pode ser esmiuçada nas referências do post.

O mais incrível é que tudo isto se tenha passado sem que o Ocidente verdadeiramente tenha tido uma resposta concreta sobre o assunto. 300.000 pessoas são as pessoas que morreram no Tsunami e que justamente resultaram na enorme onda de solidariedade internacional. São mais de 300 vezes as pessoas que morreram em New Orleães e que tiveram semanas a fio nas primeiras páginas dos jornais. No Tsunami e em New Orleas morreu essa gente, mas pouco haveria a fazer. Neste caso estas pessoas estão a morrer porque o mundo não consegue agir para forçar a resolução do problema. Transcrevi uma parte do artigo do NYBR sobre a resposta diplomática dos Estados Unidos e da Europa na bicicleta XL.

Recentemente tem havido algum movimento, e uma carta de dois senadores americanos (um deles, Barack Obama é a grande esperança democrata para eleições futuras) tem agitado algumas águas. Também Joey Cheek, um medalhista de ouro americano, dos Jogos Olímpicos de Inverno ajudou, ao doar todo o dinheiro decorrente da sua vitória para a www.righttoplay.com e a ajuda para Darfur.

Não sei o que se pode fazer sobre o assunto; mas pelo menos fica a contribuição para que se fale um pouco mais disto.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O meu comentário é:
como é que não tinha ouvido falar desta situação??? Não se trata propriamente de um problema menor a nível regional...
Ou se anda sempre a procurar nas revistas e jornais internacionais de matérias profundas ou não se tem conhecimento de problemas desta dimensão noutros lados do mundo? Como é que a comunicação social básica/acessível ao comum dos cidadãos não inclui este assunto na agenda setting? Como é que é possível este genocídio passar ao lado dos assuntos do dia?

7:44 da tarde  
Blogger Sofia Melo said...

Vergonhoso, como os assuntos gravíssimos deste género são considerados menos importantes que uma perseguição a um foragido da lei que se despistou, nos EUA...
Que raio andam a fazer os nossos media? Fala-se em Bagdad, e pronto, preenche-se a quota de desgraça diária? Ou agora o Ocidente tem medo de tocar em assuntos que tenham a ver com árabes?

12:25 da manhã  

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