segunda-feira, março 27, 2006

Element2001 e o Sr Jorge

Eram umas 16 horas quando o Tiago me ligou a primeira vez. Falamos passado um bocado e disse-me que estava em Lisboa. Falou-me em irmos jantar. Disse-lhe logo que sim, mas que o jantar seria em minha casa. Ele ripostou as coisas do costume, às quais não ligo, e mantive-me firme: Em minha casa!
Sai um pouco mais cedo do Tagus Park, enfrentei o trânsito de fim de dia em Lisboa. Durante o caminho compus a ementa: Uns acepipes de entrada com um aperitivo, um prato principal, carne uma vez que a minha adega está mais para os tintos, e algo ligeiro de sobremesa - como era jantar não queria pesar muito.
Primeira paragem, depois de mais uma hora de trânsito e apesar de algum “corta mato”, no Talho do Jorge, quase em frente aos Bombeiros de Alvalade. Fui atendido pelo João e disse-lhe mais ou menos o que pretendia. Sugeriu-me umas costeletas de porco “mas do cachaço, pois têm mais sabor”. Dali fui direito para casa. A ementa estava quase finalizada. Costeletas de porco panadas com farinha de milho e sementes de sésamo acompanhada de puré selvagem de batata. Para entrada damascos com cunhas de queijo da serra. Para sobremesa havia um bolo alemão de maçã, que Salomé tinha feito.
Chegando a casa ataquei primeiro as batatas, descascando-as e cozendo-as, com um pouco de sal. De seguida fui à garrafeira para escolher o vinho. Pensei entre um vinho português e um vinho estrangeiro e acabei por me decidir pela última opção. Escolhi um vinho australiano Element 2001 num lote clássico Shiraz-Cabernet da Sandalford que comprei em São Paulo na KMM. Achei que iria combinar bem com a comida, não muito elaborada nem muito complexa e seria uma oportunidade de o Tiago alargar os seus conhecimentos em termos de vinho.
Voltei para a cozinha e virei-me para os damascos. Um pequeno golpe a meio e foram preenchidos com um bocado de queijo da serra, de pasta não muito mole, em forma de uma cunha. Coloquei-os num prato com algumas nozes. Assim que o Tiago chegou foi o nosso divertimento, acompanhado por um Porto Branco Extra Seco da Fonseca: Siroco. Comprei a garrafa num passeio pelo Douro, na Quinta do Panascal. È uma forma diferente de apresentar um aperitivo, fugindo aos martinis e caipirinha, os quais perdem o sentido fora do seu habitat…
Ao mesmo tempo que apreciávamos os acepipes, as batatas acabaram de cozer, retirei do lume, escorrias e reservei. Num tacho com um fio de azeite abri um dente de alho laminado, ao qual juntei depois meia cebola picada. Depois de levemente louro, juntei as batatas partidas aos cubos, um pouco de leite, sal, pimenta de noz-moscada. Mexi de modo selvagem, até as batatas ficarem meio desfeitas, e depois juntei rúcula mexendo mais um pouco. Numa frigideira com óleo bem quente coloquei as costeletas, que previamente tinha panado com farinha de milho, que trouxe em Janeiro de Cabo Verde, e sementes de sésamo preto (compradas numa loja japonesa no Centro Comercial Mouraria). As costeletas foram bem passadas pois, sendo costeletas do cachaço e não do lombo, não ficam demasiado secas. Depois de retiradas as costeletas, montei os pratos juntando um pouco mais de rúcula e um emulsão à base de massa pimentão, natas, cebola, aquecidos em azeite.
Jantámos e bem.
Para a sobremesa, a acompanhar o bolo alemão de maçã, bebemos um Late Bottled Vintage 1997 da Burmester, que se mostrou no ponto ideal, tendo perdido a acutilância inicial do LBVs em favor de uma subtil doçura aromática e uma persistente finura na boca.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

sempre me pareceu que se comia bem nessa casa...

7:04 da tarde  

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